Caros colegas e amigos
Uma pergunta que certamente passa pela cabeça de muitos de nós é: como as mídias sociais estão afetando nossas vidas? Nesse sentido, um querido colega compartilha este artigo escrito por Alexa Battler, publicado em 14 de março de 2024 no boletim U of T News da Universidade de Toronto (U of T) e traduzido por nós para este espaço. Vamos ver do que se trata...
Pesquisadores da Universidade de Toronto confirmaram o que muitos suspeitavam há muito tempo: o uso do X (anteriormente conhecido como Twitter) afeta nosso bem-estar, embora a própria plataforma de mídia social não possa ser atribuída toda a culpa.
Publicado na revista Communications Psychology, o estudo descobriu que, embora iniciar sessões no X tenha gerado um maior sentimento de pertencimento para alguns usuários, foi associado a uma queda imediata nas emoções positivas, como alegria, e um aumento na indignação, polarização política e tédio.
O estudo também sugeriu que o motivo de uma pessoa abrir o X em primeiro lugar (para assistir ao noticiário ou por tédio) desempenha um papel importante para determinar se ela tuitará, retuitará, “curtirá”, revisará informações ou usará as funções da plataforma, que também estão ligadas a impactos emocionais.
“Não encontramos nenhum efeito positivo no bem-estar”, diz Victoria Oldenburgo de Mello, estudante de doutorado na U of T em Scarborough, que é uma das coautoras do estudo. “Mesmo quando algumas das coisas que as pessoas fizeram com que elas sentissem um maior sentimento de pertencimento, isso não se traduziu em um aumento nas emoções positivas”, explicou ela.
Como parte do estudo, os pesquisadores rastrearam as emoções de 252 usuários nos Estados Unidos para determinar quando X estava causando um impacto sobre eles. Embora os participantes do estudo fossem demograficamente diversos, as descobertas dos pesquisadores foram consistentes, independentemente da idade, lealdade política, etnia ou outros fatores.
Aqueles que relataram usar o site como uma forma de escapar de seus problemas tiveram uma pontuação mais baixa em bem-estar, tanto após o uso do X quanto em geral, e eram pessoas cada vez mais irritadas e infelizes. Usuários frequentes do X estavam, em média, mais entediados e mais sozinhos. Além disso, eles se sentiram mais entediados imediatamente após usar o X, embora não mais sozinhos.
“Posso me identificar com essas descobertas no sentido de que costumo abrir redes sociais se me sentir momentaneamente frustrado”, diz Oldenburgo de Mello. “Quando eu abordo isso com essa mentalidade de escapismo, geralmente é pior porque eu já tenho um problema comigo.”
Enquanto isso, pessoas que estavam mais polarizadas politicamente tendiam a retuitar muito. E o estudo descreveu como “intrigante” um estado em que os usuários se sentiam cada vez mais polarizados ao usar o X para entretenimento, o que geralmente levava à busca e releitura de comunicações anteriores e feedback do tópico atual. Os usuários geralmente desligam o X com um aumento nos níveis de raiva. Eles também ficaram mais irritados quando usaram o X para encontrar informações, embora isso não estivesse vinculado a nenhuma ação específica.
Quando as pessoas acessavam o X em busca de interação social, elas tendiam a responder aos tweets e visitar perfis, e sentiam um reforço em seu sentimento de pertencimento. Os pesquisadores disseram que a mesma coisa aconteceu quando as pessoas estavam consultando questões atuais.
Uma extensa pesquisa quantificou até que ponto a interação com outra pessoa aumenta o bem-estar, incluindo emoções positivas, como alegria. X, por outro lado, parece estar fazendo com que os usuários se sintam mal ou pior em relação à sua posição antes da consulta.
“Imagine a magnitude de como você se sente quando você conhece alguém e conversa com essa pessoa por um tempo, isso eleva um pouco seu ânimo”, diz Oldenburgo de Mello. “Dois terços dessa magnitude são o quão mal você se sente quando usa o X.”
A ação em X mais associada a um menor estado de bem-estar foi percorrer o tópico de um tópico, que é a atividade mais comum em X e consome 74% do tempo que os participantes passam na plataforma. (Oitenta por cento do conteúdo X é criado por 10% dos usuários.)
Os pesquisadores também encontraram algumas surpresas. Por exemplo, não houve impacto aparente na ansiedade e na interação com pessoas que tinham opiniões políticas diferentes; talvez não tenha aumentado a polarização do usuário, disseram os pesquisadores, devido ao efeito das “câmaras de eco” que fazem com que os usuários se inclinem mais para uma posição sobre uma determinada opinião.
Os dados do estudo foram coletados em 2021, antes que o magnata da tecnologia Elon Musk comprasse o Twitter e implementasse várias mudanças que fizeram com que os anunciantes se retirassem da plataforma em meio a preocupações com o aumento do extremismo e do discurso de ódio. No entanto, Oldenburgo de Mello diz que as descobertas sobre o uso passivo e o fato de o impacto das redes sociais estar relacionado ao motivo e ao comportamento ainda são amplamente válidas para a situação atual.
“Eu esperaria que as pessoas acessassem as redes sociais talvez com uma motivação diferente e padrões de comportamento diferentes”, diz ele. “Talvez devêssemos ser mais intencionais ao usar as mídias sociais, evitando-as quando estamos entediados ou frustrados.”
